quinta-feira, 13 de maio de 2010

DILETANTISMO ANTIEVOLUTIVO

"(ANTIEVOLUCIOLOGIA)

I. Conformática

Definologia. O diletantismo antievolutivo é a atitude de indiferença, ou mesmo esnobação, em relação às exigências evolutivas naturais e inevitáveis da vida humana.
Tematologia. Tema central nosográfico.
Etimologia. O termo diletantismo vem provavelmente do idioma Francês, dilettantisme, “profundo gosto pela música italiana; atitude do espírito que consiste em se interessar por qualquer coisa como amador”, derivado do idioma Italiano, dilettante, “que ama; que dá prazer; que cultiva alguma Arte, Ciência ou dedica-se a esporte por prazer, sem fins lucrativos; a quem falta experiência, perícia”, de dilettare, “dar prazer”, e este do idioma Latim, delectare, “atrair; afagar, deleitar; encantar; recrear”. Surgiu no Século XIX. O prefixo anti provém do idioma Grego, antí, “de encontro; contra; em oposição a”. Apareceu no Século XVI. O vocábulo evolutivo procede do idioma Francês, evolutif, de évolution, e este do idioma Latim, evolutio, “ação de percorrer, de desenrolar”. Surgiu em 1873.
Sinonimologia: 01. Diletantismo regressivo. 02. Diletantismo intrafísico. 03. Diletantismo vivencial. 04. Diletantismo materiológico. 05. Diletantismo filosófico. 06. Amadorismo. 07. Superficialidade pessoal. 08. Despriorização antievolutiva; irresponsabilidade. 09. Vida antievolutiva. 10. Vida irracional.
Cognatologia. Eis, na ordem alfabética, 5 cognatos derivados do vocábulo diletantismo: cinediletante; cinediletantismo; diletante; diletantista; diletantístico.
Neologia. As 3 expressões compostas diletantismo antievolutivo, diletantismo antievolutivo eventual e diletantismo antievolutivo sistemático são neologismos técnicos da Antievoluciologia.
Antonimologia: 01. Vida racional. 02. Vida operosa. 03. Vida evolutiva. 04. Priorização evolutiva. 05. Profissionalismo cosmoético. 06. Responsabilidade. 07. Autocomprometimento. 08. Cultura pessoal. 09. Erudição pessoal. 10. Polimatia.
Estrangeirismologia: a vida airada; a navegação sem rumo na Internet; o zapear ininterrupto pelos canais televisivos; o vaguear pelos corredores do Shopping Center.
Atributologia: predomínio das faculdades mentais, notadamente do autodiscernimento quanto à evolução consciencial.

II. Fatuística

Pensenologia: o holopensene pessoal da intrafisicalidade; os ociopensenes; a ociopensenidade; os paleopensenes; a paleopensenidade; os retropensenes; a retropensenidade; os patopensenes; a patopensenidade.
Fatologia: o diletantismo evolutivo; a atitude imatura ante a vida; a postura de amador perante a evolução consciencial; a preguiça de refletir; a ausência da focagem evolutiva; a busca exclusiva de facilidades de qualquer natureza; o hedonismo primário; o encanto com as realidades materiais; os caprichos antievolutivos; a fuga da vida racional; a saída para o acostamento evolutivo; as quimeras mentais; o subcérebro abdominal; o porão consciencial; a robéxis; o umbigão; a vida aceita como passatempo; o brincar de viver; o monopólio dos entretenimentos; o ludismo; a vida em Las Vegas; a jogatina desenfreada; os passatempos paroxísticos; o passar o tempo jogando no computador; o ato de empurrar com a barriga; a existência descomprometida; o ato de dirigir sem destino; o estacionamento na infância evolutiva; a antirrecin; os descompromissos intelectuais; a indiferença pessoal ante a verdade; a filodoxia; o monopólio da improvisação; a displicência como hábito; a falta do desconfiômetro pessoal; a subadultidade permanente; o desperdício do tempo intrafísico; o desperdício das companhias evolutivas; o desperdício das oportunidades evolutivas; a autossubmissão aos devaneios; a automelin; a minimelin; a megamelin; a melex.
Parafatologia: a ausência da inteligência evolutiva (IE); a falta da autovivência do estado vibracional (EV) profilático; o desperdício das energias conscienciais (ECs); a imperícia parapsíquica; a falta do Curso Intermissivo (CI) pré-ressomático; a irresponsabilidade grupocármica como rotina; a interprisão grupocármica; a antitenepes; a antiproéxis.

III. Detalhismo

Principiologia: o princípio baratrosférico da frivolidade; o princípio do prazer.
Codigologia: a ausência do código pessoal de Cosmoética (CPC).
Tecnologia: a antitécnica de viver.
Laboratoriologia: o laboratório conscienciológico da autorganização.
Colegiologia: o Colégio Invisível dos Cosmoeticistas.
Efeitologia: o efeito patológico acumulativo da negligência.
Ciclologia: o ciclo incúria no verão–carência no inverno.
Crescendologia: o crescendo amador-profissional; o crescendo aprendiz-perito; o crescendo calouro-experiente; o crescendo curioso-especialista; o crescendo prático-teático; o crescendo diletante-cientista.
Trinomiologia: o trinômio patológico desmotivação-boavidismo-lazer.
Antagonismologia: o antagonismo intelectual autodidatismo / diletantismo.
Paradoxologia: o paradoxo consciência humana–autovivência subumana.
Politicologia: a asnocracia; a ludocracia; a vulgocracia.
Legislogia: a lei do menor esforço.
Filiologia: a fantasiofilia; a hedonofilia.
Sindromologia: a síndrome da mediocrização; a síndrome da dispersão consciencial.
Maniologia: a melomania; a riscomania; a ludomania.
Holotecologia: a cosmoeticoteca.
Interdisciplinologia: a Antievoluciologia; a Autassediologia; a Sociopatologia; a Desviologia; Auteganologia; a Perdologia; a Intrafisicologia; a Interprisiologia; a Holomaturologia;
a Cosmoeticologia; a Recexologia.

IV. Perfilologia

Elencologia: a consciênçula; a consréu ressomada; a conscin baratrosférica; a conscin comatosa evolutiva; a conscin eletronótica; a isca humana inconsciente; a conscin despreparada.
Masculinologia: o pré-serenão vulgar; o melomaníaco; o desô.
Femininologia: a pré-serenona vulgar; a melomaníaca; a desô.
Hominologia: o Homo sapiens incautus; o Homo sapiens vulgaris; o Homo sapiens acriticus; o Homo sapiens debilis; o Homo sapiens reptilianus; o Homo sapiens maniacus; o Homo sapiens polymatha.

V. Argumentologia

Exemplologia: diletantismo antievolutivo eventual = o do jovem na fase vivencial da adolescência com possibilidades de melhoria; diletantismo antievolutivo sistemático = o do adulto na fase vivencial da maturidade com menores possibilidades de melhoria.
Culturologia: a cultura inútil."

Enciclopédia da Conscienciologia

terça-feira, 11 de maio de 2010

Descobertas

   No fundo da creche havia um terreno abandonado e lodoso. Foi num dia em que esse estava seco devido a longa estiagem que ouvi, pela primeira vez, o milagre de um coração bater. Antes, havia sentido com minha mão fortemente espremida entre um peito infante e uma mão macia os movimentos cardíacos de contração e descontração; nesse instante, descobri que existia um calor que era agradável. Depois peguei a mão que jazia sobre a minha e reproduzi o ato em meu peito, só que dessa vez eram três movimentos: havia também o “aperto”. A mão que se desprendeu da minha foi até minha cabeça e a colocou em meio aos seus seios verdes: ouvi uma criança travessa brincando dentro de outra.

Regra e exceção

   Visto que a primazia dos interesses individuais e privados sobre os gerais e públicos é um fenômeno restrito na história humana, limitando-se temporalmente aos últimos quatrocentos anos da espacialmente limitada cultura ocidental; os cientistas das humanidades prontamente concluem que tal primazia constitui a exceção, não a regra. De fato, dentro de seu limitado campo de conhecimento, eles encontram-se plenamente justificados em realizar tal inferência. Tanto o passado da cultura ocidental, partindo dos primórdios homéricos e pré-homéricos, passando pela polis clássica e chegando ao feudalismo medieval, quanto as demais culturas indo americanas, orientais e africanas, apresentam, todas elas, a primazia inversa. Porém, como a história da humanidade é apenas uma pequena fração de uma história muito mais ampla, i.e., a dos seres vivos, a história natural, percebemos que aqueles povos que, pensava-se, constituíam a regra, são a verdadeira exceção.
   Quando temos um conjunto de coisas que se comportam segundo uma regra geral e nos defrontamos com alguns de seus membros que fogem a essa regra, procuramos sempre conhecer quais são as circunstâncias particulares que possibilitaram essa exceção. Devido a esse procedimento, os cientistas das humanidades julgaram ser o capitalismo a raiz do “mal” dos modernos, do nosso individualismo possessivo – e isso conduziu a todo tipo de calúnia e difamação ao liberalismo; Hobbes e Locke foram condenados a fogueira como bruxos do poder constituído e suas filosofias reduzidas a ideologias interesseiras. Porém, como, a luz da filosofia da natureza, “regra” e “exceção” foram invertidas, o que reclama a nossa atenção são as circunstâncias particulares que conduziram a maioria das sociedades humanas a colocar os valores públicos acima dos privados. Ora, o que distingue o homem dos demais seres da natureza é a sua atividade simbólica – atividade simbólica essa que foi sendo gradativamente questionada e minada nos últimos quatrocentos anos por aquela mesma cultura que, coincidência ou não, fugiu a “regra”. É preciso uma hermenêutica dos mitos fundantes e da religião, uma que mobilize todo o nosso atual arsenal epistêmico: da lógica à psicanálise, sem dispensar, é claro, as ciências humanas, contanto que se utilize a história em perspectiva comparada com a história natural e a sociologia e antropologia como ciências mais complexas que a biologia, mas compreendidas a partir dela (tal como a química em relação a física e essa a matemática). Salvaremos, então, Hobbes e Locke da mácula que os envolveu, devolvendo-lhes a dignidade de cientistas da natureza e, talvez, possamos ser gratos a modernidade por ela ter nos restituído a liberdade.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Decadência

A solidão não é a pior coisa. Entre desconhecidos ou em um lugar deserto ela é muitas vezes uma dádiva. O que é "insuportável" é a solidão em evidência, alí exposta para todos verem e se horrorizarem com tal "aberração": dá asas a todo tipo de fantasmas... Mas eu estou lá, todos os dias, desafiando as mesmas pessoas e os mesmos tormentos, eu suporto na carne, não deixo de ir. "O que é insuportável é que nada é insuportável" Rimbaud. Ah! Suportar não é o bastante? A gente tem que querer mais? Claro! Vontade de Potência! Hahaha! (Da-lhe auto-ajuda!). "querer" mais não significa conseguir mais, e como pode conseguir mais aquele que sequer suporta? Esse "querer mais" foi até agora sintoma da decadência, pois ele é incapaz de produzir o objeto do seu querer. Aliás, em se tratando de decadentes, aquele que se reconhece como tal e suporta, ainda dispõe de mais força vital do que aquele que a todo custo a nega, criando subterfúgios imaginários. Oscar Niemeyer reconhece que a velhice não tem nada de bom, um decadente cuja Vontade de Potência permiti-lhe, se não mais o vigor, ao menos a sinceridade. Aceita o tempo e o perecimento próprio, isso é característico dos fortes. Para os fracos, reconhecer-se como decadente já é insuportável, eles desejam a eternidade, desejam uma felicidade perene, lêem auto-ajuda - Nietzsche, por exemplo -, contorcem-se contra seu declínio, desejam fugir dele a todo custo. Poucos são os que morrem serenos, como os estoicos: "suporta e abstém-te".
“O declínio, a corrupção, a escória não são algo de condenável em si mesmo: são uma conseqüência necessária da vida, do crescimento vital. O aparecimento da décadence é tão necessário quanto um crescimento e um desenvolvimento da vida; não se pode simplesmente eliminá-la. Manda a razão que, ao contrário, a ela seja atribuído seu próprio direito” (XIV, 14 (75)).
“É um auto-engano por parte dos filósofos e moralistas crer que saem da décadence pelo fato de fazer-lhe guerra. O sair é algo que está fora de nossas forças: o que eles escolhem como remédio, como salvação, não é por sua vez mais que uma expressão da décadence – modificam a expressão desta, mas não a eliminam” (Crepúsculo dos Ídolos, "O problema de Sócrates", § 11).
“Nossa vida, como toda vida, é ao mesmo tempo uma morte perpétua” (XI, 37 (4)).

Bem-aventurados os que fazem versos como quem morre...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ex-noitada

Num dia, tragos e tragadas de cigarro
No outro, ex-tragos e cigarros ex-tragados

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Todos os estetas têm de convir, não há nada mais belo que uma bela rapariga

Um dos meus maiores sonhos é escrever um livro sobre a beleza feminina, algo que seja ao mesmo tempo uma análise estética e um tributo poético, uma grande ode à graça e aos encantos do belo sexo!  Mesmo que Pandora despejasse sobre mim todos os males, ainda assim eu encontraria ventura na contemplação de sua feminina figura. Suportaria os mais pesados dos fardos contanto que não me cegassem, pois é nas jovenzinhas com quem cruzo pelas ruas que encontro motivos, mais do que tudo, para ainda amar a vida.
Abaixo um vídeo da Megan Fox, não só uma das mulheres mais lindas que já vi, mas, como esse making of revela, a despeito da beleza morta das fotografias, uma criatura graciosa, cheia de encantos nos trejeitos, no piscar as vezes acelerado dos olhos que insinuam um pequeno nervosismo nem um pouco comprometedor, muito pelo contrário; no sorriso único cujos cantos da boca se voltam muito suavemente para baixo; no seu ar de criança travessa, ainda que tímida, as vezes dengosa, sempre frágil. Megan Fox, mulher ninfeta.

Fábula do grande homem

   Um certo homem sentia-se fortemente pungido pela desolação. Isso porque há muito havia percebido que os homens os quais conhecia chegavam até ele pequenos, ingênuos, ignorantes e obtusos; mas depois, conforme a amizade se estreitava, tais homens iam se tornando cada vez maiores, mais experientes, mais conhecedores, com horizontes mais amplos e capazes de raciocínios mais argutos e sofisticados. Tal homem, então, invejava a rápida ascensão e o grande progresso desses amigos, ao passo que notava que com ele o mesmo não acontecia, nenhuma grande modificação se operava em sua inteligência e em sua sabedoria. Certa noite, esse homem, enquanto buscava esquentar-se do imenso frio de seu espírito junto a uma fogueira e contemplava, com melancolia, as chamas a sua frente, tendo os olhos umidecidos por lágrimas, ouviu o fogo lhe falar: Por que sofres, oh grande homem? Não te apercebes que também eu nunca ganho mais calor do que sempre tive, ainda que tudo o que de mim se aproxima, chega a mim mais frio e, gradativamente, torna-se mais quente? Como poderia eu, que sou quente por natureza, querer aquecer ainda mais? Saiba que não há deus que não conheça o teu pesar e que todos eles lhe acariciam o rosto e lhe enxugam as lágrimas! Contenta-te, oh grande homem, em, assim como eu, ser a fonte de onde irradia aquilo que para os que se chegam junto de nós, lhes faz falta. E, sobretudo, conserves na memória a lembrança de que sempre que teus amigos partirem abundantes do que antes careciam, foi em ti que eles se fartaram! E nessa lembrança encontrarás a plenitude e a satisfação daqueles que são aquilo que são em virtude de sua própria natureza.