quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um surto?

Eles "sabem" muito e, ao mesmo tempo, sabem tão pouco. Conhecimento formal carente de conteúdo; vão palavrório: quem conhece por meio de definições, contempla o objeto da definição como a um sol, de baixo para cima. Quem conhece por meio da experiência - do pathos -, contempla as definições como Deus as suas criaturas, de cima para baixo. Essa é a razão de nosso esoterismo e de nossa rebelião contra toda democracia: A Filosofia, e com ela, o discurso racional-discursivo - e, portanto, compartilhável - foi a primeira investida rancorosa do vulgo contra os profetas e oráculos de outrora; a democracia dos estados contemporâneos a nossa derrocada. A nossa sabedoria é material, rica em conteúdo, plena de substancia, mas, no entanto, e por isso mesmo, desde o início condenada. Condenada porque não há conteúdo que se reduza a forma e substância que se deixe dizer; pois é justamente o que há de substancial na substância que não pode ser transformado em palavras. "Terás a habilidade de conhecer a mente dos homens, mas não a permissão de falar sobre o que aprenderes". Diante dessa "habilidade", é impossível não alimentar as mais atrozes suspeitas: "minhas causas não seriam desculpas?". E a consciência dessa dificuldade prejudica sempre nossa autodefesa (a veemência, a segurança, a intrepidez e todos os demais adornos que servem muito mais a persuasão do que ao convencimento). Eis a razão de ser do provérbio "Quem fala não sabe, e quem sabe não fala". Mas de novo se nos ergue a possibilidade palpitante: "Não seriam nossas desculpas, causas?" E daí se segue uma paixão, uma consciência de missão, uma autoconfiança repleta de vitalidade, uma alegria juvenil, uma força no persistir, uma louca vontade de apostar, uma visão do triunfo iminente... Lançarei agora o maior argumento a favor de minha filosofia: Eu sou esse argumento!

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