Acima do esférico irmão Sol e da redonda irmã
Lua, giram, conforme Aristóteles, os demais planetas e, sobre eles, o
firmamento com suas estrelas, sustentados todos e cada qual pelas
quarenta e quatro esferas concêntricas. No mundo supralunar tudo é
perfeito, eterno e imutável. Lá, os astros reproduzem em seu movimento
elíptico retilíneo uniforme a mais perfeita das formas geométricas: o
círculo, que é o próprio Uno fechado em si mesmo de Parmênides. Já no
nosso mundo sublunar impera a mais
completa contingência, tudo está regido sob a lei do Devir; mas também
aqui gira o comportamento falho dos homens em torno de
esferas-mais-que-perfeitas. Constantemente estas fazem aqueles perderem a
cabeça, pois que não constituem um Uno, mas são de espantosa
multiplicidade e mui diversas – e, tal como a Lua, mais belas quão mais
crescentes ou cheias e sem graça quando minguante. Covardia! tais
esferas andam sempre em dupla e a sua força de atração é tão poderosa
quanto a da redonda mãe Terra que nos prende ao chão.
Amor Fati
Há 11 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário