segunda-feira, 15 de setembro de 2014

     Acima do esférico irmão Sol e da redonda irmã Lua, giram, conforme Aristóteles, os demais planetas e, sobre eles, o firmamento com suas estrelas, sustentados todos e cada qual pelas quarenta e quatro esferas concêntricas. No mundo supralunar tudo é perfeito, eterno e imutável. Lá, os astros reproduzem em seu movimento elíptico retilíneo uniforme a mais perfeita das formas geométricas: o círculo, que é o próprio Uno fechado em si mesmo de Parmênides. Já no nosso mundo sublunar impera a mais completa contingência, tudo está regido sob a lei do Devir; mas também aqui gira o comportamento falho dos homens em torno de esferas-mais-que-perfeitas. Constantemente estas fazem aqueles perderem a cabeça, pois que não constituem um Uno, mas são de espantosa multiplicidade e mui diversas – e, tal como a Lua, mais belas quão mais crescentes ou cheias e sem graça quando minguante. Covardia! tais esferas andam sempre em dupla e a sua força de atração é tão poderosa quanto a da redonda mãe Terra que nos prende ao chão.

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