sábado, 3 de maio de 2014

Quiprocó


Ela lançou-lhe, do outro lado da sala, um sorriso esplêndido, daqueles que sorriem boca e olhos, fazendo com que a expectativa acendesse dentro dele. Encaminhou-se, então, até ele e, se colocando as suas costas, começou uma massagem deliciosa nos ombros; ele sentiu um arrepio gostoso na espinha e um suave relaxamento:
— Como vão os estudos, querido? Muita tensão?
— Bastante, faltam só dois dias para o concurso.
— Mas eu vou te oferecer uma coisa que vai te aliviar...
Ele pensou se a levaria até sua casa ou, quem sabe, no matinho da biologia. Mas, antes que ele se decidisse, ela já estava na sua frente, ajoelhada e apoiando os ombros sobre as suas coxas. O meio de suas calças se avolumou. Pensou em abrir o zíper, mas decidiu não se precipitar, relegando a ela a tarefa. Ela, no entanto, pegou em suas mãos, aproximou-as, e uniu quatro mãos em postura de oração:
— Aceita Deus em teu coração, meu irmão.

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